O romance "Como Amar Uma Filha", da autora israelense Hila Blum, vencedor do Prémio Sapir em 2021, explora as complexidades da relação entre mãe e filha.
Trata-se da história de Yoela, uma mulher que já não tem qualquer contacto com a filha adulta, Lea, apesar de uma ligação intensa, marcada por um amor avassalador, desde o seu nascimento.
A única perspectiva que nos é dada a conhecer é a de Yoela, a mãe de Lea, narradora desta história não linear e por vezes confusa, que nos vai introduzindo no seu cotidiano familiar, desde o nascimento da filha aos dias de hoje, com retrospetivas da sua própria infância, como se estivesse à procura de uma explicação para o afastamento da filha.
A verdade é que eu não consegui entender o que levou à rutura entre mãe e filha, pois o contraste entre a forte proximidade entre ambas quando Lea era criança e jovem e o afastamento quando esta atinge a dade adulta é tão incompreensível para o leitor como para a narradora.
De facto, é difícil definir um evento que tenha originado o rompimento, pelo que parece ter sido uma sucessão de pequenas falhas que corroeram a relação ao longo do tempo.
Impulsionada por um amor obsessivo e um sentimento de perda, Yoela investiga e descobre que Lea vive na Holanda, que é casada e tem duas filhas que acompanha através das redes sociais, chegando ao ponto de espiar a família da filha à distância, espreitando através de uma janela para o interior de uma moradia, nos subúrbios de uma cidade holandesa, vendo as netas pela primeira vez.
"Como Amar Uma Filha" é uma leitura um pouco melancólica, comovente, e um pouco perturbadora, que convida à reflexão sobre os laços familiares, os erros silenciosos e a fragilidade dos afetos.

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